30 anos sem

Nelson Cavaquinho

O amor...será eterno novamente

É o Juízo Final, a história do bem e do mal

Quero ter olhos pra ver, a maldade desaparecer

 

 

Biografia

Nelson Cavaquinho nasceu a 28 de outubro de 1910, na rua Mariz e Barros, filho de Brás Antonio da Silva e Maria Paula da Silva. Iniciou-se na música ainda jovem, influenciado pelo pai, contramestre da Policia Militar, e seu tio, que tocava violino. Seu primeiro instrumento foi um contrabaixo, herdado do pai, e com ele ia para o carnaval.


Casou-se aos 20 anos com Alice Ferreira Neves e por imposição do pai foi trabalhar na polícia, fazendo rondas noturnas a cavalo. Foi durante essas rondas que passou a frequentar o morro da Mangueira, onde conheceu sambistas como Cartola e Carlos Cachaça, começando assim uma importante parceria que viria a marcar o mundo do samba.

 

Como compositor, Nelson trabalhava sozinho em suas letras até conhecer Guilherme de Brito na década de 50. Passou então a dividir com ele a paixão pela Mangueira, tendo juntos composto as canções “Folhas Secas” e “Pranto de Poeta”, dedicadas à escola e à comunidade.

 

Com uma carreira de sucesso, Nelson morreu na madrugada de 18 de fevereiro de 1986, aos 74 anos, vítima de um enfisema pulmonar. Vivia nesta época com Durvalina, trinta anos mais jovem que ele e com quem estava há mais de vinte anos.

 

 

 

Momentos

A história de Nelson Cavaquinho é permeada por situações irreverentes e inusitadas, que envolvem desde sua família e trabalho até a sua idade

Maturidade forçada

Nelson teve sua identidade alterada por seu pai,  passando de 20 anos para 21. Tudo para colocá-lo na Cavalaria da Polícia Militar, afinal, ele já era um homem casado mas ainda não trabalhava. Este casamento é outro fato curioso. Sua união com Alice Neves ocorreu em uma delegacia para onde o casal foi arrastado pelo pai da moça.

JEITO DE TOCAR

Ele tinha um estilo único de tocar seu violão, usando apenas dois dedos da mão direita.  Mesmo quando trocou o cavaquinho pelo violão Nelson nunca abandonou seu modo de tocar com o polegar e o indicador.

 

Nelson Cavaquinho patrulhava o Morro da Mangueira a cavalo. Certa vez, depois de ficar muito tempo conversando nos bares da região, seu cavalo voltou sozinho para o Batalhão, o que ocasionou a sua detenção. Ficar detido, aliás,  era comum para ele, já que passava dias sem ir ao quartel, em decorrência da boemia. Sobre este fato narrou: "Eu ia tantas vezes em cana que já estava até me acostumado com o xadrex. Era tranqüilo, ficava lá compondo. Entre as músicas que fiz no xadrex está 'Entre a cruz e a espada' "

 

CAVALO PERDIDO

 

 

Uma vida a ser contada

Curta-metragem "Nelson Cavaquinho", filmado em 1969 pela lente de Leon Hirszman,  narra a vida e obra do artista

Sucessos

Nelson Cavaquinho gravou apenas dois discos solo. Teve sua vida retratada no cinema, no curta Nelson Cavaquinho, que Leon Hirszman filmou em 1970, e que mostra Nelson com os amigos na Mangueira e nas rodas de samba.

 

Em sua trajetória fez parceria de sucesso com  Guilherme de Brito, com que os sambas nasciam com temáticas sobre mulheres,  flores e morte. Juntos, criaram clássicos como “A Flor e o Espinho” (assinado por Nelson, Guilherme e Alcides Caminha), que inicia com um verso arrebatador: “Tire seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor.”  As flores eram, inclusive, parte marcante da personalidade de sua obra, aparecendo mais comumente ligada a feminilidade mas também  associada a morte, como em "Eu e as Flores": "Quando eu passo perto das flores/ Quase elas dizem assim:/ ‘Vai, que amanhã enfeitaremos o seu fim’".

 

Apesar da parceria com Guilherme, desde 1938 Nelson Cavaquinho vendia direitos sobre suas músicas, incluindo investidores como compositores de suas canções. Essa foi a forma por ele encontrada para sobreviver após deixar o trabalho na polícia militar. Por isso é difícil saber quem realmente foi seu parceiro de criação além de Guilherme, e em seus maiores sucessos é possível encontrar outros nomes, como  “Rugas”, dividido com Ary Monteiro e Augusto Garcez e “Degraus da Vida”, em que assinam César Brasil e Antônio Braga além do próprio Nelson.

sambas inesquecÍVEIS

Palhaço

Álbum "Depoimento do poeta"-1970

Folhas Secas

Álbum "Depoimento do poeta"-1970

Mangueira

No carnaval de 2011, a Mangueira homenageou Nelson Cavaquinho pelo seu centenário. "O Filho Fiel, Sempre Mangueira" é o nome do enredo que a agremiação levou para a avenida para cantar aquele que teve sua própria vida confundida com a vida da escola

Tire seu sorriso do caminho"

Mangueira vem cantar a fina-flor

Nos acordes do meu cavaquinho

"Não sei quantas vezes" falei de amor

Nem mesmo o destino imaginaria

O que encontraria naquele lugar

O morro coberto de estrelas

"Modestos castelos" pro samba morar

 

Boêmio-poeta dos bares, das ruas

"Mulheres sem alma", retrato em canção

No zicartola, mostrei minha arte

Sucesso no opinião

Fontes:

Acervo OGlOBO

Tv Cultura (youtube)

A História da Música Brasileira Por Seus Autores e Intérpretes (Sesc)

Projeto Brasileirinho - Fábio Gomes