• 01
    A prova da Velhinha.

    A prova da Velhinha

    A prova da Velhinha. Ilustração: Marcelo

    Clique na imagem para baixar o pdf

    A prova da Velhinha

    Publicada no Jornal O Globo em 9 de junho de 2001

    A área em volta da casa da Velhinha de Taubaté transformou-se num complexo turístico para receber os curiosos que chegam diariamente, muitas vezes em ônibus de excursão lotados, para conhecer a última pessoa no Brasil que ainda acredita no governo. Multiplicam-se estandes que vendem de tudo, de pamonha e caldo de cana a cartões-postais da casa e pratos pintados com o retrato da Velhinha. Fala-se em construir um hotel e chegou-se a pensar num parque temático, uma espécie de Velhinha's World, para acolher a multidão. O parque conteria um "Reino da Fantasia", onde as pessoas, através de efeitos especiais, se sentiriam no Brasil como a Velhinha pensa que é.

  • 02
    Velhinha de Taubaté (1915-2005)

    Velhinha de Taubaté (1915-2005)

    Velhinha de Taubaté (1915-2005). Ilustração: Marcelo

    Clique na imagem para baixar o pdf

    Velhinha de Taubaté (1915-2005)

    Publicada no Jornal O Globo em 25 de agosto de 2005

    Morreu no último dia 19, aos 90 anos de idade, de causa ignorada, a paulista conhecida como "a Velhinha de Taubaté", que se tornou uma celebridade nacional há alguns anos por ser a última pessoa no Brasil que ainda acreditava no governo. O fenômeno, que veio a público durante o governo Figueiredo, o último do ciclo dos generais, levou multidões a Taubaté e transformou a Velhinha numa das maiores atrações turísticas do estado. Além de estandes de tiro ao alvo e de venda de estatuetas da Velhinha e de uma roda-gigante, ergueram-se tendas para vender caldo de cana e pamonha em volta da pequena casa de madeira onde a Velhinha morava sozinha com seu gato, e não era raro a própria Velhinha sair de casa e oferecer seus bolinhos de polvilho a curiosos que chegavam em ônibus de excursão para serem fotografados com ela e pedirem seu autógrafo. A Velhinha sempre acompanhou a política e acreditou em todos os governos desde o de Getúlio Vargas, inclusive em todos os colaboradores dos governos militares, "até", como costumavam dizer muitos na época, com espanto, "no Delfim Netto!" O presidente Sarney telefonava freqüentemente para Taubaté para saber se a Velhinha, pelo menos, ainda acreditava nele, e Collor foi visitá-la mais de uma vez para pedir que ela não o deixasse só.

  • 03
    Velhinha tinha conta no exterior

    Velhinha tinha conta no exterior

    Velhinha tinha conta no exterior.Ilustração: Marcelo

    Clique na imagem para baixar o pdf

    Velhinha tinha conta no exterior

    Publicada no Jornal O Globo em 1º de setembro de 2005

    Prosseguem as investigações sobre a morte da Velhinha de Taubaté, que ficou conhecida nacionalmente por ser a última pessoa no Brasil que ainda acreditava no governo. O inquérito está sendo conduzido pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, dada a repercussão do caso. Um promotor sai de cinco em cinco minutos da sala em que está sendo interrogado o gato da Velhinha, o Zé, para informar à imprensa o que se passa lá dentro, embora o gato tenha, até agora, dito muito pouco. "Miau", basicamente.

  • 04
    Uma carta da Dorinha

    Uma carta da Dorinha

    Uma carta da Dorinha. Ilustração: Marcelo

    Clique na imagem para baixar o pdf

    Uma carta da Dorinha

    Publicada no Jornal O Globo em 5 de junho de 1999

    Recebo uma carta da "ravissante" Dora Avante. Dorinha, como se sabe, vendeu seu corpo à Ciência mas a venda foi embargada pelo Pitanguy, que quer direitos autorais sobre as partes que são dele. Ela propôs fazer merchandising do cirurgião quando posasse nua para a "Playboy" mas não houve acordo. Dorinha está revoltadíssima, e não é só por isto. Descobriu que suas conversas telefônicas diárias com a amiga e companheira de direção no grupo Socialaites Socialistas, Tatiana ("Taiti") Bitati, estavam sendo gravadas, e... Mas eis a sua carta.

    "Caríssimo. Beijos espargidos, você escolhe a região. Fui grampeada! Como um mendonça qualquer! Eu devia saber que, depois que grampearam o Fernando, nada mais era sagrado e eu seria a próxima. É por essas e por outras que as Socialites Socialistas lutam pela instauração no Brasil do comunismo no seu estágio mais avançado, que é a volta do regime tzarista, quando havia respeito por quem saía em 'Caras' mais de uma vez.

  • 05
    Outra carta de Dorinha

    Outra carta de Dorinha

    Outra carta de Dorinha. Ilustração: Marcelo

    Clique na imagem para baixar o pdf

    Outra carta de Dorinha

    Publicada no Jornal O Globo em 19 de fevereiro de 2009

    Recebo outra carta da ravissante Dora Avante. Dorinha, como se sabe, não revela a idade. Ela há anos tem conta no Pitanguy e diz que está se aproximando dos 30, mas pelo outro lado. Diz que está em forma para o carnaval e que só chegando muito perto dá para ver que seu umbigo não é mais o original, e ninguém que esteve tão perto viveu para contar. Este ano Dorinha sairá de "Crise Terminal do Capitalismo", uma fantasia ainda mais luxuosa do que a "Apogeu e Glória do Capitalismo" que usou há alguns anos, e da qual só aproveitou as miçangas. Dorinha e seu grupo, as Socialaites Socialistas — Tatiana (Tati) Bitati, Kiki (Ki) Coisa e as outras — sentiram a crise econômica de perto. A loja que abriram em Ipanema, a "Trapinhos", lançou uma linha de camisetas com o Milton Friedman na frente justamente quando ninguém queria mais ouvir falar em neoliberalismo.

  • 06
    Outra carta de Dorinha

    Outra carta de Dorinha

    Outra carta de Dorinha. Ilustração: Marcelo

    Clique na imagem para baixar o pdf

    Outra carta de Dorinha

    Publicada no Jornal O Globo em 17 de maio de 2009

    "Caríssimo: beijíssimos! Estamos em campanha! As Socialaites Socialistas lançarão meu nome para concorrer à Presidência da República. Iremos atrás do voto feminino com o slogan 'O que é que qualquer outra candidata mulher não tem que eu também não tenho?' Como você sabe, me separei do meu último marido, o Senador (ou era deputado?, nunca perguntei), quando descobri que ele estava viajando todos os meses para Miami ou Paris com uma amante diferente, com passagens pagas pelo Congresso, portanto, pelo contribuinte — portanto, por mim! Quando ele dizia que estava indo 'perscrutar as bases' estava se referindo às bases das moças. Mas estou pensando em me reconciliar com ele, pois vou precisar de passagens de graça para levar a todo o país minha mensagem de moralização e austeridade, além de contar com o seu remorso para suprir minha caixa dois. A Dilma tem o Lula mas eu vou atrás do apoio do Barack, se conseguir encontrá-lo longe da Michelle. Exporei meu programa econômico, que é parecido com o dele — muito dinheiro para os ricos em dificuldade, que, afinal, são a nossa gente —, e se isto não funcionar... Bem, sempre tem aquele meu pretinho com o decote em V profundo, que até hoje nunca falhou. Só o que eu quero é uma frase do Barack: 'That's my girl.' Da tua esperançosa Dorinha."